quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Introduções do Autor, o Destino.


Setembro acordou mais gelado que nos últimos anos, eu sabia que seria assim, as expectativas da meteorologia eram de menos cinco graus, eles erraram, na verdade fez apenas zero graus, humanos são tão impulsivos na hora de prever o futuro,e por causa dessa pressa toda, sempre erram. O gelo tomava conta do asfalto encardido e as aves não piavam, nem tinham feito seus ninhos nas árvores, certamente os abrigos seriam os templos religiosos da cidade de Roissy, França. Esse poderia ser um ano qualquer, mas 2008 tinha trazido consigo mágoas, descobertas e um pouco de questionamento, sobre tudo, mas, com mais ênfase nos sentimentos.

A avenida Louis Mènard era uma rua como qualquer outra da pacata cidade, as pessoas que moravam no local não passavam de caipiras com ideias medievais, costumes milenares e uma certa ignorância própria, coisa que nem os mais conhecedores da mente humana podem decifrar ou explicar, é algo que nasce e morre com as pessoas. Mas a nova geração de Roissy era um pouco diferente, nascendo já em um mundo um pouco desenvolvido, mas as coisas na cidade não melhoravam, não evoluíam por causa da gente fútil que habitava nela, que os “fúteis” esperem o que estava por vir, nada poderá ser feito. Aliás, eu ainda não me apresentei, prazer, meu nome é Destino e irei te acompanhar por estas palavras vagas. Muitos dizem que eu não existo, e que tudo não passa se uma questão de coincidência, os humanos sempre tem a mania de confundir as pessoas, da mesma forma que teimam em confundir a mim com a outra lá. Eles não conhecem nada/vocês não conhecem, não sabem a verdade, e a verdade é que eu existo, que eu estou a esperar por vocês. Eu não controlo ninguém, não dito os passos de nenhum ser humano, mas de uma forma ou de outra os seres humanos sempre acabam por chegar até mim, nem eu entendo isso, é como se fosse mágica, coisa que também existe. Os humanos podem fazer o que for, podem ACHAR que estão tomando suas próprias decisões e que mandam em suas vidas, mas a realidade é que cada um já tem um fim escrito, marcado e confirmado para chegar ao último suspiro. É bem simples o meu trabalho, apenas fico na escala da vida observando vocês chegarem até mim. Uns até tentam ler o destino na palma das mãos, confesso que até umas vadias leitoras de mãos acertam, o que não me deixa nada feliz, sim, elas tem magia circulando entre suas veias, mas isso não me preocupa muito, já que a imbecilidade humana é tão eficaz que esquecem logo do futuro lido. Enfim, acho que minha apresentação já foi muito mais longa do que devia, afinal, nem sei porque estou me dando ao favor de dizer a vocês quem sou. Vamos a narrativa, mas vou avisando que em alguns momentos da história, irei aparecer, me intrometer, talvez para fazer um breve comentário ou para impedir que muito lhe seja adiantado. Já estou com a boca seca de tanto falar, então vou preparar algo para beber, andemos, adiantemos, comecemos logo os preparativos.

Vocês vão conhecer um menino, um belo menino, cujo destino... Não vou dizer é claro, se quiser saber o que acontecerá com o Henrique é só passar essa página ao chegar no fim da mesma. Henrique tem 15 anos e vive em um conflito, não tão diferente da maioria dos jovens da idade dele, está atônito com relação aos seus sentimentos, não sabe ao certo o que sentir, está em busca de explicações que não consegue encontrar sozinho, ninguém está apto para ajudá-lo, ninguém que ele conhece. Seu refúgio são suas sapatilhas e suas aulas de balé, aulas dadas por Madalena, uma loira de olhos negros e sofridos. Pessoas apareceram no caminho do garoto, pessoas que tocaram com o ser dele, imagens de humanos diferentes, sublimes e estranhos. Afinal, o que não é estranho para ele? Era só uma questão de tempo até o Henrique perceber que o mundo não se restringia aquele mundinho cheio de casas pequenas e cheiro de poeira acumulada. O menino verá que aqueles que podem ser seu maior abrigo no entanto será sempre aqueles a quem deseja ficar com um pé atrás. Eu sinceramente não esperava que a vida pudesse prever todos esses acontecimentos para uma menino tão frágil que precisa de proteção, eu mesmo se não fosse tão frio e tivesse um coração poderia até tentar moldar um destino diferente para ele, mas eu não posso. Pois num plano superior as coisas ganham forma e destino, a mim, apenas é dada a tarefa de tomar conta de tudo, o que me dá um baita trabalho, apesar de ser simples. Enfim, onde estávamos mesmo? Não estávamos em lugar nenhum, vocês que sempre estão indo, eu que sempre permaneço aqui, na minha, só esperando vocês chegarem até mim...